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Foto do escritorViviane Campos

Luiz Porto: o pioneirismo, o legado e o vinho que redefinem o terroir mineiro

Luiz Porto nasceu em uma noite marcada por uma geada que devastou as plantações de café de sua família, um evento que, décadas depois, refletiria o espírito resiliente de seu trabalho na Vinícola Luiz Porto, batizada com o nome que também é de seu pai. Fundador e visionário, ele transformou o terroir de Cordislândia em um símbolo de inovação e tradição ao introduzir o ciclo invertido na produção de uvas finas, um processo revolucionário que desafia o clima tropical brasileiro ao colher uvas no inverno seco de Minas Gerais.

Foto: Julia Lanari/Divulgação


Para Luiz, que cresceu entre os cafezais da fazenda e as tradições mineiras de uma vida simples e conectada à terra, a vitivinicultura foi um reencontro com suas raízes e uma nova maneira de honrar sua herança familiar. “Minha infância foi marcada pelo cheiro do café torrado e o sabor do doce feito no tacho, fogão a lenha aceso o dia todo, o retiro de leite, os terreiros. Aquele relevo de morros arredondados, que se perdiam no horizonte, abrigava os cafezais tão tradicionais na região”, ele se recorda, de maneira pictórica.


“Trazer essa essência para o vinho é mais do que um sonho; é uma forma de perpetuar nossa história”, complementa. Cada safra que Luiz produz é, para ele, uma homenagem ao legado dos avós, que transmitiram a ele o respeito pela terra e o entendimento do tempo da roça – o tempo de plantar, de cuidar e de colher.


Simbolismo da ruptura e a introdução do ciclo invertido


A noite da geada que atingiu os cafezais tornou-se um marco que simboliza o renascimento para Luiz. Foi o que motivou seu pai a buscar uma nova forma de vida no campo, experimentando o cultivo de uvas em solo mineiro. Anos depois, Luiz viu na vinicultura uma forma de consolidar essa visão e, inspirado pela memória paterna e pela coragem de inovar sobre as terras da família, investiu em um processo pioneiro no Brasil: o ciclo invertido. Com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), iniciou a colheita no inverno, período de seca que possibilita um amadurecimento diferenciado das uvas.


“O ciclo invertido colocou o Sul de Minas Gerais no mundo dos vinhos especiais. Foi colhendo a uva no inverno que nossas montanhas mágicas produziram uvas com qualidade impressionante”, comenta Luiz, refletindo sobre a jornada de pioneirismo e desafios. Inicialmente, ele enfrentou o ceticismo de especialistas e a desconfiança de produtores tradicionais, mas persistiu. “Solo e clima são variáveis que não controlamos, mas nossa paixão e dedicação são nossa escolha. É isso que faz nossos vinhos finos se destacarem”, completa.


Reconhecimento internacional e orgulho mineiro


O trabalho árduo e a dedicação de Luiz Porto começaram a colher frutos não apenas na qualidade de seus vinhos, mas também no reconhecimento nacional e internacional. Em 2017, o espumante Brut Luiz Porto ficou em primeiro lugar na avaliação da Vini BRA Expo, concorrendo com mais de 350 vinícolas brasileiras. Outro marco importante foi a medalha de bronze conquistada pelo Syrah Luiz Porto no International Wine Challenge (IWC), uma conquista que simboliza o potencial do terroir sul-mineiro.


Entretanto, o momento mais marcante para Luiz em relação ao reconhecimento aconteceu em um restaurante tradicional de Belo Horizonte. “Vi uma senhora mineira, que brindava com amigos estrangeiros, optar pelo nosso espumante ao invés de um champagne francês. Essa foi a medalha mais especial da minha vida. Ver o mineiro escolher a própria terra é uma vitória que ultrapassa o valor de qualquer título,” relembra ele, emocionado. Esse orgulho local é o combustível que impulsiona Luiz a continuar inovando e preservando as tradições.


Legado de sustentabilidade e inspiração para o futuro


Para Luiz, a sustentabilidade e o respeito à terra são pilares inegociáveis em seu trabalho. Sua vinícola é inteiramente conduzida em sequeiro, o que permite que as raízes das videiras se aprofundem no solo e absorvam a essência do terroir mineiro. Ele vê seu legado como algo mais profundo do que a produção de vinho: é a perpetuação de uma cultura de respeito e conexão com a terra. "O legado é aquilo que toca o coração e ecoa para além de uma geração. É a nossa essência viva, transformada em cada safra,” explica Luiz, que vê o vinho como um elo entre gerações e um convite a preservar a cultura mineira.


Ao longo de sua jornada, Luiz Porto percebeu que o terroir do sul de Minas Gerais, muitas vezes subestimado, possui um potencial único para a produção de vinhos finos. Nos próximos anos, ele planeja expandir seus vinhedos, respeitando a mata atlântica e mostrando ao público que os vinhos mineiros podem competir com os melhores do mundo. “Acredito que o vinho é nosso elo de ligação para nossa missão como empresa. Queremos espalhar nosso produto para todo o país, preservar nossa mata atlântica e mostrar que há vinhos incríveis em nossas montanhas mágicas das Minas Gerais.”



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